A fronteira do Rio Grande do Sul com Santa Catarina guarda o maior conjunto de cânions do relevo brasileiro, um lugar privilegiado para o turismo de aventura. Para lá segue quem gosta de trilhas na mata, vento frio no rosto e banho de rio. Nos mirantes, a centenas de metros de altura, a geologia tem uma beleza assustadora, vertiginosa.
Cânions formam vales profundos, como se fossem montanhas com a garganta aberta. Causa espanto não apenas a altura dos paredões, mas a extensão das formações rochosas por vários quilômetros, percorridos a pé em trilhas fáceis, médias e difíceis. No inverno, o branco da geada ou da neve agiganta ainda mais a paisagem.
Dois parques nacionais concentram as principais trilhas e pontos visitados. No Parque Nacional de Aparados da Serra está o cânion mais famoso, o de Itaimbezinho, cujos paredões chegam a 720 metros de altura. No Parque Nacional da Serra Geral, a falta de estrutura para visitantes não diminui o deslumbramento diante do cânion da Fortaleza, mais alto e mais extenso do que Itaimbezinho.
Em Aparados da Serra, as trilhas do Vértice e do Cotovelo são sinalizadas e protegidas com cercas, na beira dos precipícios. Tranqüilo: turmas do Ensino Fundamental visitam o lugar e tomam a dianteira dos adultos da escola. Na Serra Geral, quem vai pela primeira vez precisa de um guia, especialmente se os planos incluem espichar o passeio até a cachoeira do Tigre Preto ou conhecer os cânions mais distantes, como Churriado e Malacara.
A principal base de apoio para a aventura nos cânions é Cambará do Sul, cidade de 7.000 habitantes, a 180 km de Porto Alegre. A vizinha São Francisco de Paula também se destaca no turismo rural. No lado catarinense, Praia Grande conta com pousadas, condutores para as trilhas e programação de passeios.
Em anos recentes, hospedagens de Cambará do Sul agregaram requintes ao estilo rústico do lugar. Na beira da estrada de terra que leva ao Parque de Aparados da Serra impõe-se um dos três estabelecimentos gaúchos elencados pela Associação de Hotéis Roteiros de Charme: cabanas aquecidas e casa de banhos numa paisagem não menos luxuosa. Confortos como lençóis térmicos e hidromassagem também se fazem presentes em pousadas no centro da cidade.
Para mochileiros com menos cartões de crédito do que disposição para subir montanhas, não faltam quartos simples nos arredores da Igreja Matriz São José e da rodoviária, com calefação e um reforçado café da manhã, providenciais para a sobrevivência na região mais fria do país.
Os cânions com centenas de metros de profundidade nasceram da ação do vulcanismo, cerca de 150 milhões de anos atrás. Sucessivos derrames de magma, resfriamentos e solidificações do basalto desenharam um espetáculo da natureza que provoca reações distintas nos que se aproximam. Há quem grite palavrões, quem chore discretamente por trás dos óculos escuros. Só o medo de cair controla a vontade de sair pulando.
Também os rios contribuíram para os recortes e fendas. 'Ita-imbé' é nome indígena para 'pedra cortada', uma definição exata para as arestas verticais de Itaimbezinho. Mas descrever os contornos abaulados do cânion da Fortaleza é mais difícil. Não fossem rochas gigantes, seriam formas ondulantes. Uma antiga pista de skate para dinossauros? Um lugar desses deixa o turista imaginando coisas.
Além de incentivar a visitação, os dois parques nacionais geminados interromperam o desmatamento que ameaçava a floresta nativa de araucárias, misturada à Mata Atlântica. A trilha do Cotovelo, em Aparados da Serra, fica colorida de pontos vermelhos, que são as sementes caídas das pinhas, alimento para a gralhas, quatis e capivaras. Majestosa na vida adulta, com 30 metros de altura, a araucária ou pinheiro-do-Paraná é um vegetal dióico: tem pinheiro macho e pinheiro fêmea, que é fecundada na polinização.
Os passeios em grupo para os cânions costumam partir pela manhã, quando a paisagem fica mais nítida. Durante a tarde aumentam os riscos de nevoeiro, ou 'viração', como o fenômeno é chamado. De maio a agosto, a visibilidade melhora, em relação aos meses de verão. Vale lembrar que o inverno é bastante rigoroso em Cambará do Sul e cidades vizinhas. Quem planeja a viagem para o verão aproveita melhor as trilhas nos rios e os banhos de cachoeira.
Criada em 1998, a Associação dos Condutores de Ecoturismo de Cambará do Sul foi pioneira nesta atividade, no Estado. Os guias são importantes sobretudo no tema da segurança: turismo de aventura envolve riscos, quedas, trechos inóspitos, e até sustos com animais selvagens. Os guias sabem cortar caminhos, mostrar ângulos surpreendentes, escolher as pedras mais firmes na hora de transpor o arroio que irá formar uma fantástica queda dŽágua.
Em qualquer época do ano, cavalgar é um programão nos campos de cima da serra. Na cultura gaúcha, o cavalo está associado à idéia de liberdade, de partir com pouca bagagem e conseguir chegar em recantos onde um automóvel não chega. Na alto das coxilhas e na beirada dos cânions, por exemplo. Duas importantes festas regionais são a Cavalgada Aparados da Serra, em julho, e a Cavalgada das Prendas, em setembro.
Depois de alguns dias mirando do alto o horizonte sem fim da região de Aparados da Serra, aqueles morros de curvas suaves sem muros ou prédios, fica até complicado voltar para a vida real, cheia de paredes e cortinas fechadas.
Cânions formam vales profundos, como se fossem montanhas com a garganta aberta. Causa espanto não apenas a altura dos paredões, mas a extensão das formações rochosas por vários quilômetros, percorridos a pé em trilhas fáceis, médias e difíceis. No inverno, o branco da geada ou da neve agiganta ainda mais a paisagem.
Dois parques nacionais concentram as principais trilhas e pontos visitados. No Parque Nacional de Aparados da Serra está o cânion mais famoso, o de Itaimbezinho, cujos paredões chegam a 720 metros de altura. No Parque Nacional da Serra Geral, a falta de estrutura para visitantes não diminui o deslumbramento diante do cânion da Fortaleza, mais alto e mais extenso do que Itaimbezinho.
Em Aparados da Serra, as trilhas do Vértice e do Cotovelo são sinalizadas e protegidas com cercas, na beira dos precipícios. Tranqüilo: turmas do Ensino Fundamental visitam o lugar e tomam a dianteira dos adultos da escola. Na Serra Geral, quem vai pela primeira vez precisa de um guia, especialmente se os planos incluem espichar o passeio até a cachoeira do Tigre Preto ou conhecer os cânions mais distantes, como Churriado e Malacara.
A principal base de apoio para a aventura nos cânions é Cambará do Sul, cidade de 7.000 habitantes, a 180 km de Porto Alegre. A vizinha São Francisco de Paula também se destaca no turismo rural. No lado catarinense, Praia Grande conta com pousadas, condutores para as trilhas e programação de passeios.
Em anos recentes, hospedagens de Cambará do Sul agregaram requintes ao estilo rústico do lugar. Na beira da estrada de terra que leva ao Parque de Aparados da Serra impõe-se um dos três estabelecimentos gaúchos elencados pela Associação de Hotéis Roteiros de Charme: cabanas aquecidas e casa de banhos numa paisagem não menos luxuosa. Confortos como lençóis térmicos e hidromassagem também se fazem presentes em pousadas no centro da cidade.
Para mochileiros com menos cartões de crédito do que disposição para subir montanhas, não faltam quartos simples nos arredores da Igreja Matriz São José e da rodoviária, com calefação e um reforçado café da manhã, providenciais para a sobrevivência na região mais fria do país.
Os cânions com centenas de metros de profundidade nasceram da ação do vulcanismo, cerca de 150 milhões de anos atrás. Sucessivos derrames de magma, resfriamentos e solidificações do basalto desenharam um espetáculo da natureza que provoca reações distintas nos que se aproximam. Há quem grite palavrões, quem chore discretamente por trás dos óculos escuros. Só o medo de cair controla a vontade de sair pulando.
Também os rios contribuíram para os recortes e fendas. 'Ita-imbé' é nome indígena para 'pedra cortada', uma definição exata para as arestas verticais de Itaimbezinho. Mas descrever os contornos abaulados do cânion da Fortaleza é mais difícil. Não fossem rochas gigantes, seriam formas ondulantes. Uma antiga pista de skate para dinossauros? Um lugar desses deixa o turista imaginando coisas.
Além de incentivar a visitação, os dois parques nacionais geminados interromperam o desmatamento que ameaçava a floresta nativa de araucárias, misturada à Mata Atlântica. A trilha do Cotovelo, em Aparados da Serra, fica colorida de pontos vermelhos, que são as sementes caídas das pinhas, alimento para a gralhas, quatis e capivaras. Majestosa na vida adulta, com 30 metros de altura, a araucária ou pinheiro-do-Paraná é um vegetal dióico: tem pinheiro macho e pinheiro fêmea, que é fecundada na polinização.
Os passeios em grupo para os cânions costumam partir pela manhã, quando a paisagem fica mais nítida. Durante a tarde aumentam os riscos de nevoeiro, ou 'viração', como o fenômeno é chamado. De maio a agosto, a visibilidade melhora, em relação aos meses de verão. Vale lembrar que o inverno é bastante rigoroso em Cambará do Sul e cidades vizinhas. Quem planeja a viagem para o verão aproveita melhor as trilhas nos rios e os banhos de cachoeira.
Criada em 1998, a Associação dos Condutores de Ecoturismo de Cambará do Sul foi pioneira nesta atividade, no Estado. Os guias são importantes sobretudo no tema da segurança: turismo de aventura envolve riscos, quedas, trechos inóspitos, e até sustos com animais selvagens. Os guias sabem cortar caminhos, mostrar ângulos surpreendentes, escolher as pedras mais firmes na hora de transpor o arroio que irá formar uma fantástica queda dŽágua.
Em qualquer época do ano, cavalgar é um programão nos campos de cima da serra. Na cultura gaúcha, o cavalo está associado à idéia de liberdade, de partir com pouca bagagem e conseguir chegar em recantos onde um automóvel não chega. Na alto das coxilhas e na beirada dos cânions, por exemplo. Duas importantes festas regionais são a Cavalgada Aparados da Serra, em julho, e a Cavalgada das Prendas, em setembro.
Depois de alguns dias mirando do alto o horizonte sem fim da região de Aparados da Serra, aqueles morros de curvas suaves sem muros ou prédios, fica até complicado voltar para a vida real, cheia de paredes e cortinas fechadas.
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