Caruaru - PE | Berlan Turismo
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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Caruaru - PE

Cidade de Caruaru - PE

Caruaru não foi feita para viajantes amadores, muito menos para aqueles acostumados com o turismo de fácil assimilação dos tours apressados de um dia, como os que acontecem em alguns destinos do litoral nordestino.

Localizada em pleno agreste pernambucano, ?nas entranhas do nordeste? como descreveu certa vez um cordelista local, essa cidade a 130 km de Recife custa a conquistar os mais apressados e vai se deixando revelar aos poucos. Sua gente é tão cativante quanto os bonecos de barro de Vitalino, o mestre que colocou a região na rota internacional da arte figurativa; suas histórias são tão variadas quanto a (agradável) prosa sem fim de personagens históricos como o Mestre Eudócio, considerado Patrimônio vivo de Pernambuco; e seu ritmo é tão alucinado quanto a poesia de cordel ou o duelo dos antigos repentistas da feira mais famosa do Brasil.

Que fique bem claro desde o início: o centro dessa cidade de pouco mais de 300 mil habitantes oferece poucos atrativos turísticos fora da época da Semana Santa e do famoso São João. No entanto, um mergulho em suas manifestações culturais faz do destino uma das mais interessantes e ricas viagens em todo o Estado. E avisem logo os desinformados: opções não devem faltar.

Garantida durante todo o ano, a atração mais famosa é a Feira de Caruaru, considerada uma das maiores feiras ao ar livre do Brasil. Iniciado no final do século 18, esse tradicional centro comercial abriga, atualmente, 13 feiras temáticas em seu interior com uma variedade de produtos que impressiona. Assim como descreveu o mesmo cordelista Luciano Dionízio, ?o que buscaste e não viste, com certeza não existe, nem na Terra nem em Marte?. Por isso é lá que o visitante encontrará diversas opções de trabalhos artesanais, roupas e acessórios, animais, alimentos, importados e até um museu dedicado a mais internacional das literaturas regionais: o cordel.


Outro evento de peso é o famoso São João que com Campina Grande, na vizinha Paraíba, disputa o título de o Maior São João do Mundo. É em junho que toda a cidade se transforma em um imenso arraial com vilas cenográficas inteiras dedicadas ao forró e com barracas de comida típica. E mesmo depois do final desse evento que chega a durar pouco mais de um mês, a cidade parece passar o restante do ano sob a sombra e perspectivas do São João seguinte.

No entanto, a apenas sete quilômetros do caos do centro de Caruaru, a tranquilidade de Alto do Moura, um bairro vizinho com ares de cidadezinha do agreste, leva o visitante a um cenário em que o principal atrativo é uma rua central de paralelepípedos que parece ter parado na época em que Mestre Vitalino sujava as mãos de barro para dar vida a essa arte que, décadas mais tardes, levaria seu nome e o de Pernambuco para o resto do mundo.

Aliás seu ofício parece vivo em cada uma daquelas casinhas simples e coloridas que abrigam ateliês de artistas (famosos ou anônimos) que têm Vitalino como a principal inspiração. É ali que o visitante se delicia com as histórias ouvidas nos ateliês de outros nomes, internacionalmente, conhecidos como Marliete Rodrigues, Mestre Galdino (e seu surrealismo improvável para terras agrestes) e Manuel Eudócio, declarado Patrimônio Vivo do Pernambuco pelo governo local e um exímio contador de deliciosas histórias sobre a época em que começava a aprender sobre arte figurativa com o mestre mais famoso do bairro.


A arte figurativa de Mestre Vitalino, marcada por bonecos de barro que reproduzem cenas cotidianas, deu ao lugar o título de maior centro de artes figurativas das Américas. A região abriga ateliês de mais de 200 artesãos e histórias suficientes para convencer o forasteiro a deixar-se ficar por mais alguns dias.


Em Caruaru, viajante apressado come cru ou sequer tem a chance de provar uma das mais deliciosas imersões culturais da região.

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